Maçonaria no Brasil - Como Começou ? História e Origem

Agora que aprendemos melhor um pouco da História da Maçonaria, o que é, como funciona, seu propósito, as lojas, hierarquia etc, vamos entender melhor como ela se iniciou no Brasil, qual sua história e origem em nosso país.

A origem da Maçonaria no Brasil
Teriam sido as ideias liberais trazidas pela Revolução Francesa indiretamente responsáveis pela introdução da doutrina maçônica no Brasil? Veja a seguir como a Maçonaria esteve por trás dos mais diversos momentos de nossa história, da independência à abertura política dos anos 80

A Origem da Maçonaria no Brasil

A Maçonaria está presente em nossa história desde o tempo do Brasil Colônia, tendo sido incorporada, a princípio, por alguns revolucionários da Inconfidência Mineira e da Conjuração Baiana no final do século XVIII.

Sua força política se fez sentir quando ela assumiu os ideais do liberalismo anticolonialista, posição avançada que sustentou os movimentos que levaram à independência do Brasil.

Na medida em que o Estado Brasileiro ia se consolidando, suas influência cresceu a olhos vistos.
Tanto que a história do Brasil Império se confunde com a história da própria Maçonaria, que absorveu não só os Andradas do Primeiro Reinado como também as principais lideranças do Segundo.

A história da Maçonaria
Pode-se dizer que foi com a Chegada da Família Real ao brasil que as portas do país se abriram de vez para a criação de lojas maçônicas, muito embora elas já existissem algum tempo antes por aqui.


Apesar de só ter ganho sua primeira obediência em 1822, a Maçonaria brasileira teve início em 1797, com a Loja Cavaleiros da Luz, criada no povoado de Barra, em Salvador, Bahia.

Maçonaria na Bahia
Foi em Salvador, Bahia, que a Maçonaria brasileira teve início, com a criação da Loja Cavaleiros da Luz, em 1797


A capital da colônia, no entanto, só abraçaria o movimento em 1800/1801, quando maçons portugueses fundaram no Rio de Janeiro a Loja União, que mais tarde passou a ser chamada de Reunião pelo fato de outros maçons a ela terem se filiado.

Com o passar desses primeiros anos do século XIX, o movimento só fazia crescer. Em 1802, foi instalada na Bahia a Loja Virtude e Razão (que ressurgiria em 3 de março de 1807 como Loja Virtude e Razão Restaurada), da qual saíram, em 1807, a Loja humanidade e, em 1813, a Loja União.

Em 1809, o Príncipe Regente D. João recebeu uma longa lista de nomes de maçons para serem presos, e reagiu dizendo que "foram estes que me salvaram". Mas não havia dúvida de que o movimento Maçônico no Brasil estava cada vez mais envolvido com causas políticas, insurreições e revoltas, o que irritava bastante Portugal.

Em 1809, foi fundada uma Loja em Pernambuco da qual fizeram parte os padres Miguel Joaquim de Almeida e Castro, João Ribeiro Peixoto e Luiz José Cavalcante Lins.
Esta Loja já tinha intenções puramente políticas.

História da Maçonaria no Brasil
Em 1809, foi fundada uma Loja em Pernambuco da qual fizeram parte os padres Miguel Joaquim de Almeida e Castro, João Ribeiro Peixoto e Luiz José Cavalcante Lins.

Tal ideologia se disseminou com tanta força na região que, em 1816, já havia uma Grande Loja provincial reunindo as Lojas Pernambuco do Oriente, Pernambuco do Ocidente, Restauração e Patriotismo e Guatimozim.

A Loja Distintiva, fundada em São Gonçalo (RJ) em 1812, por sua vez, era explicitamente republicana e revolucionária.

Esta valia-se de sinais, toques e palavras diferentes da outras Lojas, e tinha como emblema um índio vendado e preso com grilhões.

Denunciada, ela logo acabou sendo dissolvida. Seus arquivos, posteriormente, foram lançados ao mar, na altura da ilha dos Ratos.

A História da Maçonaria no Brasil

O ano de 1821 havia começado para D. João VI da mesma forma que o de 1807. O Grande Oriente Lusitano o havia levado, quinze anos antes, a transferir a sede do governo monárquico português para o Rio de Janeiro.

Quinze anos depois, esse mesmo grande Oriente o obrigaria a voltar para Lisboa. Com a ausência do monarca, quem passaria a representá-lo em nosso país seria seu filho, D. Pedro.

A Sucessão de acontecimentos acabou levando à criação, em 17 de junho de 1822, da primeira Obediência maçônica do Brasil, o Grande Oriente Brasílico (ou Brasiliano) com a finalidade principal de lutar pela independência política do Brasil.

Para que fosse fundado o Grande Oriente, a Loja Commercio e Artes (criada em 12 de dezembro de 1815, na residência do Dr. João José Bahia) teve importância fundamental, pois reunia estudantes brasileiros que haviam retornado da Universidade de Coimbra (Portugal), onde haviam sido iniciados maçons, e comprometidos radicalmente com a luta pela independência da províncias ultramarinas de Portugal na América do Sul - ou seja, o Reino do Brasil.

Início da Maçonaria no Brasil
A Universidade de Coimbra foi fundamental para a Maçonaria no Brasil, pois iniciou maçons estudantes brasileiros que, ao voltarem para cá, ajudaram a criar a primeira obediência maçônica em nosso território, o Grande Oriente Brasílico


O Grande Oriente Brasílico foi, praticamente, uma entidade política, que se dedicou, com afinco, à luta pela independência do Brasil, mas que posteriormente se extinguiria devido a disputas políticas pelo poder.

Tal embate, teoricamente incompatível com a doutrina maçônica, foi alvo de críticas, mas a luta pela independência do Brasil justificava qualquer tipo de atitude e permanece, até hoje, como o grande marco da história da maçonaria brasileira.

Efetivamente, quando foi criado, o Grande Oriente tinha como objetivo principal engajar a Maçonaria, com Instituição, na luta plea independência do Brasil e tal determinação, inclusive, consta de forma explícita nas atas das primeiras reuniões da Obediência.

O que é Maçonaria
O lema da Revolução Francesa; "Liberdade, igualdade e fraternidade" também faz parte dos preceitos da maçonaria. Acima, a pintura, A liberdade guiando o povo, da Eugène Delacroix de 1830


Tanto que ela só admitia a iniciação ou filiação em suas Lojas de pessoas se comprometessem com tal ideal.

EM 30 de março de 1818, o Alvará Régio de D. João VI proibiu "todas e quaisquer SOciedades Secretas, de qualquer Denominação que ellas sejam".

Apesar de defender os maçons, D. João não teve como emitir o Alvará Régio de 1818, no qual proibia "quasquer Sociedades Secretas", dado que o Grande Oriente defendia abertamente a independência do Brasil e movimentos de caráter republicano


Afinal de contas, esses tipos de organizações tinham o poder de gerar movimentos regionais nacionalistas, que mesmo empenhados em obter a independência do Brasil, possuíam caráter geralmente republicano, e não podiam, naturalmente, agradar à Coroa.

A íntegra do documento (aqui transcrito com a ortografia da época) deixa bem claro as intenções da corte:
"Eu EL-Rei faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem:
Sou servidor Declarar por Criminosas e Prohibidas todas e quaesquer Sociedades Secretas, de qualquer Denominação que ellas sejam; ou com os nomes e formas já conhecidas, ou debaixo de qualquer nome ou forma, que de novo se disponha ou imagine: pois que todas e quaesquer deverão ser consideradas, de agora em diante, como feitas para Conselho e Confederação contra o Rei e contra o Estado.
Pelo que Ordeno que todos aquelles, que forem comprehendidos em ir assistir em Lojas, Clubs, Comités ou qualquer outro ajuntamento de Sociedade Secreta; aquelles que para as ditas Lojas, ou Clubs, ou Ajuntamentos convocarem a outros; e aquelles que assistirem à entrada ou recepção de algum Socio, ou ella seja com juramento ou sem elle; fiquem incursos na penas da Ordenação livro V, tit. VI e $$ 5 e 9, as quaes penas lhes serão impostas pelo Juizes, e pelas formas e processo estabelecidos nas Leis para punir os Réos de Lesa-Magestade.
Nas mesmas penas incorrerão os que forem Chefes ou Membros da mesmas Sociedades, qualquer que seja a denominação que tiverem, em se provando que fizeram qualquer acto, pesuasão ou convite de palavra ou por escrito, para estabelecer de novo, ou para renovar, ou para fazer permanecer qualquer das ditas Sociedades, Lojas, Clubs ou Comités dentro dos Meus Reinos e seus Dominios; ou para a correspondência com outros fora delles: ainda que sejão factos practicados individualmente, e não em Associação de Lojas, Clubs ou Comités.
Nos outros cassos serão as penas moderadas a arbitrio dos Juízes na forma adiante declarada.
As Casas, em que congregarem, serão confiscadas, salvo provando os seus proprietarios que não souberão, nem podiam saber que ae sse fim de destinavão.
As medalhas, sellos, symbolos, estampas, .livros, cathecismos ou instrucções, impressos ou manuscriptos, não poderão mais publicar-se, nem fazer d'elles uso algum, despacharem-se nas Alfandegas, venderem-se, darem-se, emprestarem-se, ou de qualquer maneira passarem de uma a outra pessoa, não sendo para immediata entrega ao Magistrado, debaixo da pena de Degredo para hum Presidio, de quatro até dez annos de tempo, conforme a gravidade da culpa e circumstancias della.
Ordeno outrossim que n'este crime, como excepto, não se admitta privilegio, isenção ou concessão alguma, ou seja de FOro, ou de Pessoa, ainda que sejão dos privilegios incorporados em Diretos, os os Réos sejão Nacionaes ou Estrangeiros, Habitantes do Reino e Dominios, e que assim abusarem da hospitalidade que recebem; nem possa haver Seguro, Fiança, Homenagem, ou Fieis Carcereiros sem minha Especial Authoridade.
E os Ouvidores, Corregedores, e Justiças Ordinarias todos os annos devessarão deste Crime na Devasse geral. E constando-lhes que se fez Loja, se convidão ou congregão taes Sociedades, procederão logo á Devassa especial e á apprehensão e confisco, remettendo os que forem Reós e a culpa á Relação do Discricto, ou ao Tribunal competente; e a copia dos Autos será tambem remettida á minha Real Presenção.
E este se cumprirão tão inteiramente como nelle se contém, sem embargo de quaesquer Leis ou Ordens em contrario, que para este effeito Hei por derrogadas, como se dellas se fizesse expressa menção..."

O que faz a Maçonaria
O fracasso de movimentos como a Revolução Pernambucana de 1817 obrigaram as lojas maçônicas a interromper os seus trabalhos.

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